Doenças e Tratamentos

Alergia: o que é, sintomas, causas e tratamentos

Por Alan Costa, em 27/02/2018 (atualizado em 11/10/2021)
tratamento para alergia

A alergia é uma reação do nosso corpo a agentes que ele avalia ser ofensivo a nossa saúde, mas é preciso saber diferenciá-la de uma sensibilidade ou intolerância. Os sintomas podem ser bastante parecidos, mas a condições em que as duas ocorrem são bem diferentes.

Segundo Alexandra Sayuri Watanabe, diretora da Asbai, alergias são respostas exageradas dos anticorpos contra algum alérgeno (substância que causa Alergia). Além dessa reação anormal do nosso sistema de defesa, a especialista ressalta que as reações alérgicas apresentam quadro clínico, ou seja, impactos no corpo, diferentemente do que ocorre com as sensibilidades, por exemplo.

causas da alergia

A pele é um dos órgãos mais frequentemente acometidos por processos alérgicos. Existem diversas causas para alergia na pele, mas todas elas costumam se apresentar com duas características: rash cutâneo (manchas ou placas avermelhadas na pele) e intensa coceira. As alergias de pele são dermatites não contagiosas, portanto, não há nenhum problema em partilhar objetos ou roupas, conviver ou tocar na pele do paciente.

O que é alergia?

A alergia na pele pode causar coceira e vermelhidão em áreas bem delimitadas, enquanto que a alergia alimentar pode deixar a pele seca e com pequenas bolinhas vermelhas espalhadas por todo o corpo. No caso da alergia a animais os sintomas incluem nariz escorrendo, espirros e coceira no nariz.

Veja fotos dos diferentes tipos de alergia, como identificar, os remédios que ajudam a controlar os sintomas e outras formas de tratamento que o pediatra, alergologista ou pneumologista podem indicar.

Alimentos mais associados à alergia:

Qualquer alimento tem o potencial de provocar alergia em uma pessoa sensível. Entretanto, boa parte é causada por 5 tipos de alimento. Vamos conhecê-los?

1. Leite:

O leite tem dois componentes que estão frequentemente associados a desordens alimentares: a lactose e a caseína. Desses, apenas a caseína tem potencial de desencadear alergias, condição conhecida alergia à proteína do leite de vaca (APLV).

Essa doença surge na infância precoce e dificilmente se mantém na fase adulta. Quem tem alergia ao leite também reage aos seus derivados, como iogurtes e queijos. A resposta alérgica ao leite pode ser imediata ou tardia, o que muitas vezes atrasa o seu diagnóstico.

2. Ovo:

A alergia ao ovo é uma reação do organismo a proteínas encontradas em grande quantidade na clara e, em pequenos traços, na gema. Ela costuma se manifestar mais intensamente quando o ovo é consumido cru, uma vez que o aquecimento causa a desnaturação dos componentes alergênicos.

Diversos alimentos, além de vacinas e medicamentos, apresentam ovo (ou algum de seus componentes) na formulação. Por isso, o alérgico deve sempre informar sua condição ao profissional de saúde antes de se vacinar ou tomar qualquer remédio.

3. Trigo:

O trigo tem dois componentes com potencial para gerar reações adversas. Enquanto os portadores da doença celíaca têm dificuldades em digerir o glúten, os alérgicos ao trigo reagem, especificamente, à proteína gliadina.

Ao contrário dos celíacos, os alérgicos ao trigo não têm, necessariamente, problemas em ingerir outros cereais que contêm glúten, como a cevada e o centeio.

4. Amendoim:

A alergia ao amendoim é mais comum em indivíduos que apresentam alergia a nozes, soja e leite. Além disso, há também a suspeita de que ela seja herdada geneticamente, uma vez que filhos de pais alérgicos têm maior propensão a manifestar a doença.

5. Frutos do mar:

As reações alérgicas ao caranguejo, lagosta, camarão, siri, lula e polvo são comuns, e se manifestam tanto em adultos quanto em crianças. Os sintomas vão desde urticária até graves reações anafiláticas.

Tipos de alergia:

Basicamente, as reações alérgicas podem ser diferenciadas por suas causas e regiões do corpo que atingem. Os tipos mais comuns são:

1. Alergias respiratórias:

Esse tipo de alergia atinge as vias respiratórias, composta pelas cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios. A manifestação mais comum é a rinite alérgica, que registra mais de 2 milhões de casos por ano no Brasil.

2. Rinite alérgica:

Conhecida como febre dos fenos, pode se manifestar de duas maneiras: sazonal (ocorre apenas em uma parte do ano) e perene (ocorre o ano todo). A rinite pode ser provocada por diversos fatores, como pólens, pelos, ácaros, mofo, cigarro e até mesmo perfume.

Os sintomas incluem coceira, olhos lacrimejantes, coriza e espirros. Esse tipo de alergia respiratória também possui fator genético como causa, na maioria dos casos.

3. Alergia à poeira:

Os ácaros presentes na poeira são um dos maiores responsáveis pelas alergias respiratórias. Pessoas que sofrem com esse problema costumam apresentar sintomas de asma. Além de ácaros, a poeira pode conter pelos de animais, pedaços de baratas mortas e esporos de mofo, substâncias consideradas alérgenos.

alergia

4. Alergia ao mofo:

O mofo está presente em toda a parte, uma vez que se espalha facilmente liberando esporos pelo ar. Em algumas pessoas, a inalação desses esporos provoca reações alérgicas, especialmente no trato respiratório. O mofo também pode desencadear ou agravar os sintomas da asma.

5. Alergia ao pólen:

Um dos tipos de rinite alérgica sazonal, a alergia ao pólen é bastante comum, especialmente nas crianças. Ela é desencadeada devido aos pequenos grãos liberados pelas flores de algumas plantas. Esses grãos, chamados de pólen, se espalham pelo ar, provocando sintomas na região do nariz e/ou problemas respiratórios em pessoas alérgicas.

A concentração de pólen varia de acordo com o clima, sendo a maior frequência registrada condições de temperaturas amenas, chuvas abundantes e pouco sol.

6. Alergia a animais de estimação:

As proteínas encontradas nas células da pele, bem como a saliva ou urina de animais de estimação, podem provocar alergia em algumas pessoas. Comumente, a reação é desencadeada pela exposição aos flocos mortos de pele (caspa) do pet.

Esse tipo de alergia está relacionado, na grande maioria das vezes, com gatos e cães, mas qualquer animal com pelos apresenta potencial alérgeno.

7. Alergia sazonal:

As alergias respiratórias também podem estar relacionadas às mudanças climáticas, manifestando-se assim, em diferentes épocas do ano. Como dito anteriormente, o pólen é um dos principais causadores de reações. Além disso, especialmente no inverno, o mofo e a poeira podem desencadear sintomas de alergia.

8. Alergias na pele:

O contato com alérgenos pode gerar irritações na pele de pessoas alérgicas, sendo as principais manifestações:

9. Urticária:

Lesão na pele que provoca inchaço e intensa coceira, a urticária pode se manifestar em qualquer região do corpo, inclusive rosto, lábios, língua, garganta e orelhas. Além disso, é dividida entre casos agudos e crônicos, podendo durar poucos dias ou semanas. Entre as causas estão produtos químicos, látex, picadas de insetos, luz solar e medicamentos.

Quando o inchaço ocorre na parte profunda da pele e não na superfície, o quadro é chamado de angioedema. Geralmente surge em torno dos olhos, lábios, genitais, mãos e pés.

10. Dermatite de contato:

Quando erupções cutâneas e bolhas surgem na pele, é possível que o quadro se trate de uma dermatite de contato. Essa condição é provocada após o contato com certas substâncias. Pode ser classificada em dois tipos: irritativa e alérgica. Suas causas mais comuns são: detergentes, shampoos, metais, vernizes, medicamentos tópicos, luvas de látex.

11. Dermatite atópica (eczema):

Condição crônica frequentemente associada com alergia alimentar, rinite alérgica e asma, a dermatite atópica costuma surgir na infância. Provoca pele seca, vermelha e irritada, além de coceira. Os desencadeantes incluem alguns alimentos, caspa de animais, ácaros de poeira, sudorese, lã e sabonetes.

12. Alergia a picada de inseto (estrófulo):

Após sofrer uma picada, algumas pessoas apresentam reações alérgicas ao veneno dos insetos. Além disso, os maiores causadores são as abelhas, vespas e formigas. É importante ressaltar que algumas reações são comuns em todas as pessoas e não necessariamente se tratam de alergia. No quadro alérgico ocorrem sintomas como dor, vermelhidão, inchaço e coceira no local da picada, que duram por mais tempo. Em casos mais graves, é possível haver uma reação anafilática.

13. Alergia ao látex:

As reações alérgicas ao látex ocorrem em pessoas que têm alergia a proteína presente nos produtos feitos com a borracha natural. Além disso, esse componente é bastante comum em materiais médicos e odontológicos (uvas, bandagens, curativos), preservativos, balões, brinquedos, óculos e pneus. A condição é mais comum na classe médica, devido ao contato direto e diário ao látex.

14. Alergia ao frio:

Apesar de rara, a exposição ao frio pode provocar alergias na pele em forma de erupções e coceira. Além disso, o quadro se manifesta após a exposição a temperaturas baixas, contato com água fria ou objetos frios e ingestão de alimentos ou bebidas frias.

15. Alergia a cosméticos:

Alguns produtos de beleza, como shampoos, perfumes, sabonetes e itens de maquiagem, podem deixar a pele irritada e provocar erupções cutâneas, dermatites e urticária. Além disso, em alguns casos, pode haver ainda dificuldade para respirar e irritação da mucosa. É causada por alérgenos sintéticos ou naturais presentes na composição dos cosméticos.

16. Alergia ao níquel:

Muito usado em bijuterias e acessórios, o níquel é um metal que apresenta alto potencial alérgico. Os sintomas costumam surgir de 12 a 48 horas após o contato e incluem coceira, vermelhidão, erupções e inchaço. Em situações mais graves, a pele pode ficar infectada, causando queimação e pus.

17. Alergia alimentar:

As alergias alimentares ocorrem quando há uma reação anormal às proteínas dos alimentos, podendo surgir manifestações até mesmo dias depois da ingestão. Além disso, os sintomas podem atingir a pele, o trato gastrointestinal, o sistema cardiovascular e o trato respiratório.

Sintomas:

Os principais sintomas de alergia na pele incluem:

  • Coceira;
  • Vermelhidão;
  • Descamação;
  • Irritação;
  • Presença de manchas ou de bolinhas avermelhadas ou brancas.

Estes sintomas podem aparecer poucos minutos após o contato com o alérgeno, mas também podem demorar várias horas e até dias para se desenvolverem completamente. Dessa forma, deve-se tentar lembrar dos objetos ou substâncias que estiveram em contato com a região nos últimos 3 dias, para tentar achar uma causa.

Nos casos mais graves e menos comuns, a alergia na pele pode também levar ao aparecimento de sintomas graves como dificuldade para respirar e desconforto na garganta, sendo nestes casos muito importante ir rapidamente no pronto socorro ou chamar o SAMU.

Diagnóstico de alergia:

O diagnóstico das alergias e doenças alérgicas é realizado principalmente por meio do histórico clínico e do exame físico do paciente. Quando necessário, exames são utilizados para complementação e/ou confirmação do diagnóstico clínico. Além disso, os principais exames utilizados em alergia são:

  • Testes cutâneos de leitura imediata e de contato
  • Exames laboratoriais, como a dosagem de IgE total e IgE específica no sangue
  • Diagnóstico por imagem, como radiografia e tomografia
  • Testes de provocação
  • Dietas de eliminação.
    tratamentos da alergia

Fatores de risco:

Qualquer pessoa, em qualquer idade, pode desenvolver um processo alérgico. Porém, em crianças as alergias são bastante comuns, especialmente as alimentares.

As chances de apresentar a condição também são aumentadas pelo fator genético. Além disso, se existirem casos de alergia nos membros da família, é muito provável que você também apresente a doença ao entrar em contato com o alérgeno.

Situações que causam imunidade baixa, como após contrair uma doença e durante uma gravidez, além de fatores como o fumo, poluição, infecção e hormônios, também contribuem para o desenvolvimento de alergias.

Causas da alergia

As causas das alergias são múltiplas, geralmente se trata de uma reação exagerada a alérgenos, os quais podem ser:

  • Do pólen de árvores ou gramíneas (veja também febre do feno).
  • De ácaros e pelos de animais.
  • De fungos ou mofos (vestígios, quantidades mínimas suficientes).
  • Alguns alimentos (ex. amendoim, peixe, soja, ovos, leite, farinha, frutos do mar, etc).
  • O látex e outros produtos químicos.
  • De medicamentos (leia o nosso dossiê sobre alergias a medicamentos), incluindo antibióticos como a penicilina.
  • Algumas picadas de insetos como vespas ou abelhas.

A maior parte dos alérgenos são inalados.

Como há uma variedade de alérgenos, as alergias podem ser sazonais ou não. Um exemplo típico de uma alergia sazonal é a febre dos fenos. Ela começa e termina de acordo com a sazonalidade do pólen responsável. Além disso, a alergia ao pólen de bétula, por exemplo, tem início no final do inverno até por volta do mês de agosto, enquanto uma alergia ao pólen de gramíneas (ervas) começa no mês de novembro.

Quanto aos alérgenos não sazonais, a alergia pode ocorrer ao longo de todo o ano, enquanto houver o contato com o alérgeno.

Tratamentos da alergia:

O tratamento das alergias geralmente consiste em evitar a exposição ao alergénio que a causa e em medicamentos para melhorar os sintomas. Além disso, a imunoterapia com alergénios pode ter utilidade em alguns tipos de alergias.

Medicação:

Existem vários medicamentos disponíveis para bloquear a ação dos mediadores alérgicos ou para prevenir a ativação das células e dos processos de degranulação. Entre os medicamentos mais comuns para o tratamento de doenças alérgicas estão os anti-histamínicos, glicocorticoides, adrenalina (epinefrina), estabilizadores de mastócitos e antagonistas do receptor de leucotrieno.

São também de uso comum os anti-colinérgicos e descongestionantes nasais. Além disso, embora rara, a gravidade da anafilaxia muitas vezes requer uma injeção de adrenalina, a qual pode ser administrada pela própria pessoa através de um autoinjetor de adrenalina.

Imunoterapia:

A imunoterapia com alergénios pode ter utilidade em alergias ambientais, alergias a picadas de insetos e na asma. Além disso, o benefício em alergias alimentares é ainda pouco claro, pelo que não é recomendada neste caso. A imunoterapia envolve a exposição da pessoa a doses progressivamente maiores do alergénio de forma a tentar modificar gradualmente a resposta do sistema imunitário

tipos de alergia

A imunoterapia é geralmente segura e eficaz para a rinite e conjuntivite alérgica, formas alérgicas de asma e alergia a picadas de insetos. As meta-análises têm verificado que a injeção de alergênios sob a pele é eficaz no tratamento de rinite alérgica em crianças e de asma. Além disso, os benefícios podem-se manter durante anos após a interrupção do tratamento. A imunoterapia não é recomendada como tratamento único para a asma.

Na imunoterapia sublingual, o alergênio é administrado por baixo da língua, o que faz com que a maioria das pessoas o prefira em relação às injeções. Embora menos robustas, as evidências apoiam o uso de imunoterapia sublingual para o tratamento de rinite e asma.No caso de alergias sazonais, o benefício é reduzido.

Medicina alternativa:

Há evidências relativamente fortes que a irrigação nasal salina e a planta Petasites possam ter alguma eficácia, quando comparadas com outros tratamentos alternativos para os quais as evidências são fracas, negativas ou não existentes, como é o caso do mel, acupunctura, ómega 3, Astragalus, capsaicina, extrato de semente de uva, Pycnogenol, quercetina, espirulina, urtiga ou Tinospora cordifolia.

Um estudo de revisão concluiu que os tratamentos homeopáticos não são eficazes nem apresentam qualquer diferença em relação a placebos. Além disso, os autores concluem que, com base nos ensaios clínicos rigorosos a todos os tipos de homeopatia para doenças em crianças e adolescentes, não há evidências que apoiem o uso de tratamentos homeopáticos.

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